Conheça a Lojinha Marietska!
Fui de Santa Cruz para a Ilha Isabela em uma pequena lancha de transporte de passageiros. O site oficial informa que as condições do mar são mais estáveis no período de janeiro a junho, mas tenho que confessar que o mar estava bem nervoso, em junho, quando fiz o deslocamento entre as ilhas. Foram três horas que pareceram uma eternidade, mas chegando lá, tudo passou.
Sabe um lugar rústico, pé na areia, que parece que o desenvolvimento ainda não chegou? Assim é a Ilha Isabela. Mas não se preocupe porque, como o nome indica, ela é belíssima e está bem preparada para o turismo. Há bons hotéis, restaurantes e locais onde são vendidos os passeios.
A ilha é formada pela união de seis vulcões, sendo que 5 ainda estão ativos. Sua vegetação é de várzea, bem diferente das demais ilhas e, por isso, sua fauna e flora são únicas.
Puerto Villamil é onde se concentra a maioria da população da ilha, foi onde eu me hospedei e escolhi para ser o ponto de partida das caminhadas.
O Centro de Crianza Tortugas Gigantes Arnaldo Tupiza Chamaidan faz um trabalho de proteção e reprodução das tartarugas gigantes da Ilha Isabela. É possível observar as tartarugas adultas e também os seus bebês. Mas é durante o caminho que você terá a mais bela visão da fauna desse lugar.
Fica a aproximadamente 1,5 km de Villamil e o horário de funcionamento é das 6h às 18h diariamente.
O acesso para o centro de tartarugas é através de uma passarela de madeira construída sobre a várzea.
Uma diversidade muito grande de aves é encontrada no mesmo cenário.
Mas os que mais se destacam mesmo são os flamingos-americanos. Com o seu balé e sua cor delicada, essas lindas aves parecem flores num jardim encantado.
Aqui estão as tartarugas protegidas no Centro de Crianza Tortugas Gigantes Arnaldo Tupiza Chamaidan.
O Muro das Lágrimas é o que resta de um campo de prisioneiros preservado em memória ao sofrimento daqueles que foram obrigados a construí-lo. Fica a uma distância de 6 km a partir de Villamil e, apesar desse destino ter um simbolismo muito forte, o caminho até ele é cheio de atrações.
Amanheceu muito nublado nesse dia. A vantagem foi que o sol não castigou a caminhada de 12 km (ida e volta), e a desvantagem foi que as paisagens não estavam tão atrativas. Vou comentar aqui sobre os mais interessantes.
Playa Organica é uma pequena praia que está se formando devido aos restos de conchas, corais e ouriços que são trazidos pela corrente marítima. Serão necessários milhares de anos para formar uma praia orgânica semelhante a que está em frente ao Puerto Villamil.
Tunel del Estero era há milhares de anos um rio de lava que desembocava no mar. A parte externa esfriou e endureceu, enquanto que o magma do interior, ainda líquido, continuou seguindo o seu caminho até o oceano.
El Estero foi um dos lugares mais bonitos que eu vi durante o percurso. A trilha que leva ao mangue é um túnel formado por galhos naturalmente.
Foi nessa trilha que eu tive a alegria de encontrar as tartarugas gigantes livres na natureza. Até então, eu só tinha visto em cativeiro. Esse animal, tão ameaçado, andando e fazendo a sua refeição tranquila e livremente é resultado do trabalho que os cientistas desempenham para a sua proteção. Foi lindo, mágico e emocionante!
Ainda no caminho para o muro, há o Mirante Cerro Orchilla onde é possível observar a baía de Puerto Villamil e o vulcões Sierra Negra e Cerro Azul. Uma pena o tempo estar nublado mas, mesmo assim, a vista é incrível.
E, finalmente, cheguei ao Muro das Lágrimas. Os presos de uma colônia penal, que existiu na Ilha Isabela de 1944 a 1959, foram obrigados a construí-lo para que se mantivessem ocupados. O caminho da volta é o mesmo da ida.
Ali pertinho do porto, onde desembarquei da lancha que veio de Santa Cruz, está a Praia de Puerto Villamil. Muitos lobos marinhos são vistos por toda a extensão da areia.
Devia ser a hora da sesta porque estavam todos tirando uma sonequinha quando eu passei por lá.
Mas é em Concha de Perla, ali pertinho, que você poderá ter uma experiência incrível com esses bichinhos. Antes mesmo de pegar a trilha, eles já aparecem fazendo gracinha.
Além de ficarem se exibindo, brincando com galhos de árvores ou até mesmo entre eles, você poderá nadar bem pertinho deles. E tudo sem pagar nada.
A trilha é bem curtinha. São 250 metros numa passarela de madeira, construída sobre o mangue, e o horário de visita é das 6h às 18h. Os lobos marinhos estarão por todo o lado também durante o trajeto.
Chegando lá, há um deck onde você pode deixar as suas coisas e se divertir. O local é bem pequeno e, normalmente, já está todo ocupado pelos lobos marinhos.
Esse foi o único passeio pago que fiz durante toda a minha viagem por Galápagos. Decidido de última hora, entrei na primeira agência que encontrei e comprei o passeio. A van já tinha saído com o grupo e o proprietário, muito gentilmente e sem cobrar nada a mais por isso, chamou um táxi e me levou ao encontro do pessoal.
De Villamil até o ponto de partida da caminhada para o Vulcão Sierra Negra, a van levou 45 minutos aproximadamente. Aproveite para utilizar o banheiro nesse local porque não há infraestrutura na trilha.
O que levar: água suficiente para o dia inteiro, muito protetor solar, boné ou chapéu, roupas confortáveis, tênis apropriado para caminhada, capa de chuva, lanche e mantenha as suas coisas, que estão na mochila, em um saco plástico para não molhar em caso de chuva.
Parece contraditório levar capa de chuva e usar muito protetor solar, mas acontece que o clima por lá é meio instável. Eu tomei chuva e tinha muita neblina até chegar ao Vulcão Sierra Negra e depois caminhamos sob um sol intenso. A trilha é aberta e só há sombra nos dois pontos de parada para descanso.
É preciso também muita disposição. São 8 km até chegar a Sierra Negra e mais 2 km até o Vulcão Chico, totalizando 20 km de caminhada, ida e volta.
A primeira parada para descanso já é no Vulcão Sierra Negra. Ficamos aqui tempo suficiente para descansar, fotografar e curtir essa grandiosidade.
Vulcão Sierra Negra, com a sua impressionante caldeira de 10 km de norte a sul e 9 km de leste a oeste, é considerada a segunda maior caldeira do mundo e sua última erupção foi em 2018.
Seguindo em direção ao Vulcão Chico, encontramos uma iguana-amarela. O guia informou que é raro avistá-la durante as caminhadas. Elas são terrestres, se alimentam de plantas endêmicas e possuem um papel muito importante na distribuição das sementes.
A paisagem entre o Sierra Negra e o Vulcão Chico muda totalmente. É árido, somente com alguns cactos e algumas plantas rasteiras. Avistamos também alguns vulcõezinhos durante a caminhada.
A maior parte do caminho é sobre os fluxos de lava. É importante seguir a sinalização demarcada porque há muitas fissuras na trilha.
Chegamos ao Vulcão Chico! Ele foi formado durante a erupção do Vulcão Sierra Negra em 1979.
Com um ecossistema adaptado às condições vulcânicas, esse passeio é de uma beleza indescritível. Aqui podemos ver a natureza vencendo as condições impostas pela força do vulcão. Vale muito a pena ter essa experiência.